quarta-feira, 5 de março de 2014

                                   RENASCIMENTO

          Conheci uma menina que amava brincar de cabra-cega, esconde-esconde, mergulhar nos rios pulando de uma árvore.Livre, solta, se embrenhava no meio das matas para caçar borboletas, pedrinhas nos barrancos e comer frutas nativas. Essa menina era pobre mas rica em sua  liberdade. Gostava de desenhar no chão limpo, figuras do céu, pássaros e árvores.
           Ela cresceu, deixou para trás as brincadeiras, levou os estudos a sério. Ganhou se primeiro sapato de saltinho cor-de-rosa. Se esqueceu completamente quando andava descalça no meio da geada ou com um par de alparcatas largas e marrons  maior que seus pés. 
O tempo foi passando, ela cresceu sempre cantando  e crendo num futuro risonho. Casou-se, constituiu uma linda familia e o que foi feio e triste, deixou trancado num baú que o tempo se encarregou de esconder bem longe.
           Foram tantas indagações sobre essa menina que parecia ter se perdido nos redemoinhos da vida. Finalmente, quase  aos 60, ela retorna para sorrir dos tempos antigos. Sim, porque sorrir chorando é uma de suas qualidade. Dançar valsas com alguém que está triste é o que ela guarda de mais sagrado pois aprendeu com sua saudosa mãe. Um vaso de flor, um pé de cebolinha, um pássarinho que voa  passaram a ter um significado especial para ela. Tudo se fez lindo!
Ultimamente, ela tem pensado em comprar uma sombrinha de bolinhas caso precise num dia de sol ou chuva. Bengala? Não!! Ela não precisa, e se precisar, só se for encrustada de pedras finas. E como boa poetisa, decidiu versejar sobre tudo ao seu redor.
             Ei-la agora, mais viva do que nunca pois aprendeu  a dar saltos mortais através dos reveses da vida. Ainda consegue pular com uma perna só, conversar e calar na hora certa, ouvir mais. Futuro? Viver o máximo que puder, até quando Deus quiser. Algo ficará registrado. Quem sabe, mais adiante, alguém poderá se beneficiar dos seus versos e escritos.
             Está tudo nos conformes. Fim da história? Absolutamente! Ainda tem rios para ela mergulhar, nuvens para colher, montanhas para escalar e livros para escrever. Muitas telas a aguardam para serem coloridas pelas suas mãos. Vamos colocar apenas umas retiscências....